Pirâmides Financeiras, Esquemas Ponzi, correntes… o que, afinal, determina a inconsistência operacional e a ilegalidade desses “scams”?
Vamos abordar esse assunto detidamente neste artigo – do ponto de vista psicológico, mercadológico, administrativo, econômico, jurídico e tecnológico. Temos certeza de que, ao término desta leitura, não lhe restará dúvida alguma acerca do tema. Se restar, deixe seu comentário!
Conceito e História
Se você não passou os últimos 150 anos recolhido a uma caverna nos Himalaias, com certeza já ouviu falar das “pirâmides financeiras” e talvez tenha até mesmo sido vítima de um esquema desse tipo. Até porque, pelo menos uma vez, a cada dois ou três anos, algo semelhante toma tamanho vulto na sociedade que a grande imprensa torna impossível não tomarmos ciência do evento e das centenas de pessoas que, mais uma vez, aplicaram (e perderam) suas economias para uma nova variação do golpe.
Mas, afinal, que golpe é esse?
O “modelo de negócios” das Pirâmides Financeiras e dos Esquemas Ponzi se caracteriza pelo pagamento de retornos aos seus investidores exclusiva ou majoritariamente às custas das aplicações de novos investidores. Uma sutil diferença entre os Esquemas Ponzi e as Pirâmides Financeiras reside no fato de que essas últimas se sustentam ostensivamente no Marketing de Rede (uma variação legítima do marketing direto em que um representante tem o direito de convidar novos representantes e participar de seus rendimentos).
Note que, mui amiúde, os autores de sistemas de investimento que culminam em um esquema do tipo Ponzi não são sequer golpistas recorrentes e, a princípio, se propõem a desenvolver bona fide um empreendimento legítimo – muito provavelmente ignorantes das armadilhas subjacentes às finanças e à Economia.
Esse provavelmente foi o caso do italiano Charles Ponzi (1882-1949) que, apesar de não ter sido sequer o verdadeiro autor dos esquemas que hoje carregam seu nome – que datam de meados do século XIX -, conseguiu movimentar o correspondente a mais de um milhão de dólares por dia em um processo (até certo ponto factível) de troca de vales postais. O esquema Ponzi original faliu, consumiu centenas de milhares de dólares e condenou seu autor à prisão perpétua. Contudo, libertado sob fiança, Charles Ponzi, bastante empobrecido e doente, veio a falecer no Rio de Janeiro na década de 1940 – uma história que vale a pena conhecer!
O que é e o que não é…
Embora existam “empresários de boa fé” nesse ramo, a grande maioiria dos dealers do mercado de pirâmides financeiras é, sim, formada por golpistas recorrentes: os “piramideiros”.
Os piramideiros já sabem que uma parcela significativa do seu público alvo tende a ceder aos seus argumentos (e insistentes apelos de marketing) e, além de aplicarem seus recursos na pirâmide, promoverão o investimento como uma forma de potencializarem seus ganhos: o modelo clássico do golpe!
Pirâmides Financeiras,
Esquemas Ponzi…
o que são?
O “modelo de negócios” das Pirâmides Financeiras e dos Esquemas Ponzi se caracteriza pelo pagamento de retornos aos seus investidores exclusiva ou majoritariamente às custas das aplicações de novos investidores. Uma sutil diferença entre os Esquemas Ponzi e as Pirâmides Financeiras reside no fato de que essas últimas se sustentam ostensivamente no Marketing de Rede.

Por que pirâmides são atraentes?
Segundo o analista de cenários sociais Jack Feliciano, do ponto de vista psicológico, o que ainda leva as vítimas a cederem às pirâmides são os mesmos motivos que as levariam a cair em qualquer golpe surrado praticado no mercado desde o início do século: “hoje, utilizando-se do previsível hedonismo inerente ao ser humano, os piramideiros ofertam ao seu público um pacote de vantagens irresistível: alta rentabilidade (no mínimo 10% ao mês), baixo (ou nenhum) risco e atividade operacional leve e de fácil consecução. Adicione-se ao pacote, ainda, uma empresa vistosa e a usual figura do “empresário ostentador” – algo que tende a encher os olhos do nicho mais comumente atacado pelos piramideiros: o público de baixa renda e os novos ricos. É como o golpe do bilhete premiado… o investimento é baixo para um ganho potencial alto – exatamente como nos experimentos originais dos psicólogos Kahneman e Tversky.”
E a tecnologia?
Com a democratização dos computadores, das linguagens de programação e o acesso universal à Internet, um novo cenário se estabeleceu. Segundo Jack Feliciano, “a partir da década de 1990, três fatores viriam a impactar esse mercado (a) cada vez mais o Marketing de Rede evidenciaria sua legitimidade, (b) as plataformas de trade se estabeleceriam (permitindo a qualquer pessoa transformar-se em um trader) e (c) as criptomoedas trariam novas alternativas de investimento (com ganhos significativos e acessíveis a todos)”.
Nesse novo cenário, o discernimento do público passa a ser soberano. É possível obter muito mais de 100% de rentabilidade em um único mês com criptoativos obscuros tanto quanto é muito razoável que pessoas com pouca escolaridade alcancem 1% a 5% ao dia com daytrading. Já não basta mais julgar o aquilo que está “bom demais para ser verdade”, eventualmente realmente é!
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